O mercado de streaming no Brasil está prestes a enfrentar mudanças significativas com a introdução do Projeto de Lei 2331/2022. Este projeto, apresentado pelo Senador Nelsinho Trad, visa criar uma nova contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine), focada nas plataformas de streaming que operam no país.
De acordo com a proposta, as plataformas de streaming seriam obrigadas a pagar uma taxa de 6% sobre seu faturamento bruto. Esta medida busca aumentar a contribuição dessas empresas para o cinema nacional, superando a proposta inicial de 3%. Além disso, o projeto pode ser renomeado para Lei Toni Venturi, em homenagem ao cineasta brasileiro.
Quais são os objetivos da Lei Toni Venturi?
A Lei Toni Venturi não se limita apenas à arrecadação de recursos financeiros. Ela também propõe que 10% do catálogo de plataformas como Netflix, Prime Video e Max seja composto por produções nacionais. Essa exigência visa aumentar a visibilidade e o investimento em conteúdo brasileiro, promovendo a diversidade cultural nas plataformas de streaming.
Além disso, a lei oferece incentivos para as empresas que investirem diretamente em produções independentes, permitindo descontos de até 60% na contribuição do Condecine. Isso visa estimular ainda mais o apoio ao setor audiovisual brasileiro.

Por que as plataformas de streaming podem sair do país?
A proposta enfrenta diversos desafios e discussões. As plataformas de streaming e representantes do setor audiovisual têm pressionado por alterações no projeto. Enquanto produtores de conteúdo defendem uma contribuição maior, de até 12%, as plataformas consideram as deduções propostas como excessivas.
Consequências que podem ocorrer para empresas de streaming a considerar a saída do Brasil devido às novas taxas propostas:
- Aumento significativo nos custos operacionais: A contribuição de até 12% exigida pela proposta aumentaria os custos das plataformas, o que pode tornar o mercado brasileiro menos atrativo.
- Deduções excessivas: As plataformas consideram as deduções propostas como excessivas, o que poderia impactar diretamente seus lucros e competitividade no país.
- Incerteza regulatória: Mudanças frequentes na legislação e a imposição de novas taxas podem criar um ambiente de incerteza, dificultando o planejamento de longo prazo para as plataformas.
- Pressão sobre a rentabilidade: O aumento de custos pode reduzir a margem de lucro das plataformas, tornando a operação no Brasil financeiramente inviável, especialmente com a presença de concorrentes internacionais.
- Fuga de investimentos: O ambiente fiscal desfavorável pode desmotivar novos investimentos, dificultando a expansão e inovação das plataformas no Brasil.
- Concorrência com outras regiões: Com o aumento das taxas no Brasil, as plataformas podem preferir operar em mercados com condições fiscais mais favoráveis, como outros países da América Latina ou da Ásia.
O Ministério da Cultura está buscando um equilíbrio que contemple os interesses de todas as partes envolvidas. As negociações estão em andamento, com o objetivo de encontrar um consenso que beneficie tanto a indústria cinematográfica nacional quanto as plataformas de streaming.
Como as plataformas de streaming estão se preparando?
Mesmo com o projeto ainda em discussão, algumas plataformas de streaming já estão tomando medidas para se adaptar ao possível novo cenário regulatório. A Netflix, por exemplo, anunciou investimentos significativos em iniciativas culturais no Brasil, como a reforma da Cinemateca Brasileira e o financiamento de salas de cinema em instituições de ensino.
Essas ações não apenas contribuem para o desenvolvimento cultural do país, mas também buscam criar um ambiente mais favorável para as operações das plataformas de streaming. O governo brasileiro, por sua vez, mantém seu compromisso de regulamentar o setor para garantir que uma parte dos recursos seja destinada a produções nacionais.
O futuro da regulamentação de streaming no Brasil
O debate sobre a regulamentação das plataformas de streaming no Brasil ainda está em curso. As negociações entre governo, parlamentares e empresas do setor continuam, buscando um equilíbrio que promova o desenvolvimento da indústria cinematográfica nacional sem comprometer a viabilidade econômica das plataformas de streaming.
À medida que o projeto de lei avança, será importante acompanhar as mudanças e adaptações que poderão ocorrer. O futuro da regulamentação de streaming no Brasil dependerá da capacidade de todas as partes envolvidas de encontrar soluções que atendam aos interesses do país e do setor audiovisual.