Temu trava envios diretos da China após nova decisão dos EUA

Compras online – Créditos: depositphotos.com / VitalikRadko

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Recentemente, a Temu, uma popular varejista chinesa, anunciou a suspensão das vendas de produtos diretamente da China para consumidores nos Estados Unidos. Essa decisão foi uma resposta direta à nova política tarifária implementada pelo governo americano na sexta-feira (2/5), liderado por Donald Trump. A medida, conhecida como “taxa das blusinhas“, removeu a isenção de impostos para produtos de valor inferior a US$ 800, impondo uma taxa de 120% ou uma tarifa fixa de US$ 100 por envio, que aumentará para US$ 200 em junho.

Essa mudança na política tarifária afeta diretamente plataformas como Temu e Shein, que se beneficiavam da isenção para oferecer produtos a preços competitivos no mercado americano. A Temu, em resposta, está adaptando sua estratégia de negócios para continuar operando nos Estados Unidos, agora por meio de comerciantes locais, enquanto busca expandir sua rede de vendedores no país.

Por que a Temu está mudando sua estratégia de mercado?

A decisão da Temu de alterar sua estratégia de mercado nos Estados Unidos está diretamente ligada ao aumento significativo nas remessas que reivindicavam a isenção de até US$ 800. Nos últimos dez anos, essas remessas cresceram mais de 600%, atingindo mais de 1 bilhão de itens no ano fiscal de 2023. Esse crescimento foi impulsionado pela migração de milhões de consumidores americanos para plataformas como a Temu, atraídos por preços mais baixos.

Com a nova taxação, a competitividade da Temu no mercado americano poderia ser comprometida. Portanto, a empresa está se adaptando para manter seus preços atraentes, enquanto ajuda comerciantes locais a expandirem seus negócios. A transição para um modelo de atendimento local é parte dos ajustes contínuos da Temu para melhorar seus níveis de serviço e alcançar mais clientes.

Quais são as implicações da guerra comercial entre EUA e China?

A reestruturação da Temu ocorre em meio a uma intensificação da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. O governo americano impôs tarifas que chegam a 145% sobre a maioria dos produtos chineses, enquanto a China respondeu com taxas de até 125%. Essa situação cria um ambiente desafiador para empresas que dependem do comércio entre os dois países.

Autoridades chinesas indicaram recentemente que estão abertas a novas negociações comerciais com Washington, mas enfatizaram que a eliminação das tarifas é uma condição essencial para qualquer progresso nas conversas. A guerra comercial não só afeta as relações entre os dois países, mas também tem implicações globais, impactando cadeias de suprimentos e preços de produtos em todo o mundo.

Como as compras internacionais de baixo valor foram impactadas no Brasil?

Desde 2024, o Brasil implementou uma política semelhante à dos Estados Unidos, tributando compras internacionais de baixo valor. Essa medida, popularmente conhecida como “taxa da blusinha”, visa regular o mercado de produtos importados, especialmente aqueles adquiridos em plataformas de varejo digital asiáticas, que costumam ser mais baratos do que os disponíveis no mercado brasileiro.

Essa mudança reflete uma tendência global de revisão das políticas tarifárias para proteger mercados locais e aumentar a arrecadação fiscal. No entanto, também levanta questões sobre o impacto nos consumidores, que podem enfrentar preços mais altos e menos opções de compra.

Aumento do custo para o consumidor:

  • Imposto de Importação (II): Compras de até US$ 50,00 estão sujeitas a uma alíquota de 20% de II se a loja virtual participar do programa Remessa Conforme. Para compras acima de US$ 50,00 ou em sites não participantes, a alíquota é de 60%, com um desconto de US$ 20,00 sobre o valor do imposto.
  • Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS): Além do II, incide o ICMS, um imposto estadual cuja alíquota varia (geralmente entre 17% e 20%). O ICMS é calculado “por dentro”, ou seja, inclui o próprio imposto na sua base de cálculo, elevando ainda mais o custo final.
Temu trava envios diretos da China após nova decisão dos EUA
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Programa Remessa Conforme:

  • A Receita Federal implementou o programa Remessa Conforme, que certifica plataformas de e-commerce que se comprometem a recolher os tributos no momento da compra.
  • Para compras em sites participantes do Remessa Conforme de até US$ 50, aplica-se a alíquota de 20% de II mais o ICMS do estado de destino.
  • A vantagem para o consumidor ao comprar em plataformas participantes é a maior previsibilidade dos custos e a expectativa de uma liberação alfandegária mais rápida, já que os impostos são pagos antecipadamente.

Impactos no mercado e nos consumidores:

  • Aumento do preço final: O principal impacto é o encarecimento dos produtos importados de baixo valor, antes considerados mais acessíveis.
  • Potencial diminuição do consumo: Com o aumento dos preços, espera-se uma possível redução no volume de compras internacionais de pequeno valor.
  • Competitividade do mercado nacional: A taxação visa aumentar a competitividade dos produtos nacionais, que já arcam com diversos tributos.
  • Arrecadação governamental: A medida também tem o objetivo de aumentar a arrecadação de impostos para o governo federal e os estados.
  • Mudança nos hábitos de consumo: Os consumidores podem ser levados a repensar suas compras internacionais, buscando alternativas no mercado nacional ou agrupando compras para diluir o impacto dos impostos.

O que o futuro reserva para o comércio internacional?

O cenário atual do comércio internacional é marcado por incertezas e desafios. A guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, Estados Unidos e China, é um exemplo de como tensões políticas podem impactar o comércio global. Empresas como a Temu precisam se adaptar rapidamente a essas mudanças para continuar competitivas.

O futuro do comércio internacional dependerá da capacidade dos países de negociar e encontrar soluções que beneficiem todas as partes envolvidas. Enquanto isso, consumidores e empresas precisam se ajustar a um ambiente em constante evolução, onde políticas tarifárias podem mudar rapidamente e impactar diretamente o mercado.