De acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (11) pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o café moído acumulou um aumento expressivo de 77,8% nos últimos 12 meses encerrados em março. Somente em 2025, o produto já registra uma elevação de 30,04% nos preços. No mês de março, a variação foi de 8,14%.
O aumento dos preços do café está relacionado a uma série de fatores, incluindo a queda na oferta mundial e problemas com a safra em países produtores como o Vietnã. Além disso, questões climáticas, como altas temperaturas e eventos climáticos extremos, têm afetado a produção do grão, uma cultura que requer condições climáticas específicas para prosperar.
Como a alta dos preços do café é motivada?
Um dos principais fatores que impulsionam a alta dos preços do café é a queda na oferta mundial. Problemas climáticos, como geadas e secas, têm afetado a produção em grandes países produtores, incluindo o Brasil e o Vietnã. Essas condições adversas reduziram a quantidade de café disponível no mercado, levando a um aumento nos preços.
Além disso, o aumento na demanda global pelo grão tem contribuído para a pressão sobre os preços. Com o fortalecimento do dólar, uma parte significativa da produção brasileira tem sido direcionada para o mercado internacional, resultando em menor disponibilidade para o mercado interno.

1. Condições Climáticas Adversas:
- Secas e altas temperaturas: O Brasil tem enfrentado condições climáticas desfavoráveis nos últimos anos, incluindo secas prolongadas e ondas de calor em importantes regiões produtoras. Esses eventos climáticos prejudicam o desenvolvimento dos grãos, levam a uma maturação irregular e reduzem a produtividade das lavouras. Em 2023 e 2024, por exemplo, houve relatos de seca e altas temperaturas impactando negativamente a safra.
- Impacto do El Niño e La Niña: A alternância desses fenômenos climáticos globais tem causado padrões de chuva irregulares, com secas em algumas áreas e excesso de chuva em outras, afetando a produção e a qualidade dos grãos.
- Geada: Embora não seja um problema constante em todo o Brasil, geadas em anos anteriores, como a de 2021, tiveram um impacto significativo na produção de café arábica, levando a uma menor disponibilidade de estoques para os anos seguintes.
2. Redução da Produção e Estoques:
- Quebra de safra: As condições climáticas adversas resultaram em quebras de safra em anos recentes, levando a uma menor oferta de café no mercado. A produção brasileira em 2025 é estimada em uma queda em relação a anos anteriores por algumas fontes.
- Baixos níveis de estoque: Com a menor produção e a forte demanda global, os estoques de café no Brasil diminuíram significativamente, atingindo níveis historicamente baixos. Essa escassez pressiona os preços para cima.
3. Aumento da Demanda Global:
- Crescimento do consumo: O consumo global de café continua a crescer, impulsionado por mudanças de estilo de vida e pela crescente cultura do café em mercados emergentes, como a Ásia.
- Aumento das exportações: O Brasil, como o maior produtor e exportador mundial de café, tem visto uma demanda crescente por seus grãos, inclusive de novos mercados como a China. Isso contribui para a redução dos estoques domésticos e para o aumento dos preços.
4. Fatores Econômicos:
- Valorização do dólar: A valorização do dólar americano frente ao real torna as exportações de café mais caras em reais, o que pode se refletir nos preços internos.
- Aumento dos custos de produção: Os produtores também enfrentam o aumento dos custos de produção, incluindo fertilizantes (cujos preços foram impactados por eventos geopolíticos), defensivos, energia e mão de obra, o que influencia o preço final do café.
- Problemas logísticos: Gargalos na logística e no transporte também podem contribuir para o aumento dos custos e, consequentemente, dos preços.
Como a inflação afeta o consumo de café no Brasil?
Apesar do aumento nos preços, o consumo de café torrado e moído no Brasil cresceu 1,1% entre 2023 e 2024. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), foram consumidas 21,9 milhões de sacas de 60 quilos em 2024, representando 40,4% da safra do ano anterior. Isso demonstra que, mesmo com os preços elevados, o café continua sendo uma bebida popular entre os brasileiros.
O Brasil é o segundo maior consumidor de café do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos em termos de volume absoluto. A diferença no consumo entre os dois países foi de 4,1 milhões de sacas, segundo dados da Abic. Este cenário destaca a importância cultural e econômica do café no Brasil, mesmo em tempos de inflação elevada.
Quais são as perspectivas para o futuro do mercado de grão?
O futuro do mercado de café no Brasil dependerá de uma série de fatores, incluindo a capacidade dos produtores de se adaptarem às mudanças climáticas e a evolução da demanda global. Investimentos em tecnologias agrícolas e práticas sustentáveis podem ajudar a mitigar os impactos das condições climáticas adversas e aumentar a resiliência da produção de café.
Além disso, políticas governamentais que apoiem os produtores de café e incentivem a produção sustentável podem desempenhar um papel crucial na estabilização do mercado. Com a continuidade desses esforços, o Brasil poderá manter sua posição como um dos principais produtores e consumidores de café do mundo, mesmo diante dos desafios econômicos e climáticos.